Durante o julgamento que apura as circunstâncias da morte de Diego Armando Maradona, no Tribunal de Justiça Nº 3 de San Isidro, um antigo médico do craque argentino declarou, nesta terça-feira (8), que a decisão de submetê-lo a uma internação domiciliar pouco antes do falecimento foi inadequada.
O depoente, Mario Schiter, de 62 anos, é especialista em terapia intensiva e trabalhou com Maradona no começo dos anos 2000, quando o ex-jogador se tratava do vício em drogas em Cuba. Atualmente à frente dos serviços de emergência de um hospital em Madri, ele viajou até Buenos Aires especialmente para prestar esclarecimentos à Justiça.
Segundo o jornal Clarín, em novembro de 2020, Schiter foi procurado por um diretor da Swiss Medical — operadora de saúde do ex-camisa 10 à época — para emitir um parecer sobre os cuidados posteriores a uma cirurgia realizada por Maradona, na qual foi drenado um hematoma subdural no cérebro. Mesmo sem autorização para avaliar o paciente diretamente, Schiter analisou seu histórico e sugeriu que a internação hospitalar fosse mantida.
Essa orientação foi discutida em uma reunião da qual participaram familiares do ídolo, como suas filhas e irmãs, além do neurocirurgião Leopoldo Luque — um dos sete profissionais de saúde acusados no processo.
Além de Luque, também são réus no caso os seguintes profissionais, que respondem por “homicídio simples com dolo eventual” ou “homicídio culposo”: a psiquiatra Agustina Cosachov, o psicólogo Carlos Ángel Díaz, a médica Nancy Edith Forlini, os enfermeiros Ricardo Almirón e Mariano Ariel Perroni (este último chefe da equipe de enfermagem), e o médico Pedro Pablo Di Spagna.
Mesmo diante da orientação de Schiter, a equipe médica envolvida optou por mantê-lo em casa. Poucos dias depois, em 25 de novembro de 2020, Maradona faleceu, aos 60 anos, vítima de insuficiência cardíaca.
“Um centro de reabilitação teria oferecido condições mais seguras e monitoramento contínuo. Levar alguém com esse perfil para casa, logo após sair do hospital, foi um grande risco”, afirmou Schiter diante do tribunal.
Ele ainda acrescentou: “O acúmulo de quatro litros de líquido no abdômen não acontece de uma hora para outra. Isso indica um quadro de insuficiência cardíaca em evolução, provavelmente com desenvolvimento ao longo de três ou quatro dias, conforme descrito na literatura médica”.
Fonte: CNN Brasil