Na quinta-feira (13), o presidente venezuelano Nicolás Maduro anunciou a entrega de mais de 180 mil hectares de terras expropriadas no estado de Bolívar, no sul da Venezuela, ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Brasil. Ele explicou que assinaria um decreto para formalizar essa doação, com o objetivo de coordenar um projeto agroecológico denominado “Pátria Grande do Sul”.
Segundo Maduro, a terra será utilizada para a produção de alimentos que atenderão tanto a população local quanto a do norte do Brasil, além de ser destinada à exportação. A iniciativa contará com a colaboração de camponeses, indígenas e militares. Entre os produtos planejados para serem cultivados estão banana, mandioca, frutas, cana-de-açúcar, abóbora, carnes de frango, porco e bovina, leite, feijão, hortaliças e milho. O projeto também prevê a criação de um banco de sementes tradicionais, um viveiro para reflorestamento e uma escola de formação no sul da Venezuela.
As terras envolvidas na entrega foram expropriadas durante o governo de Hugo Chávez, nos anos 2000, e são vistas pelo regime como “resgatadas”. Maduro se referiu ao projeto como uma “iniciativa cooperativa e humana”, liderada por movimentos camponeses de todo o mundo.
No mesmo contexto, o Papa Francisco fez um apelo ao governo venezuelano para que busque a paz, destacando que “ditaduras não servem e acabam mal”. Ele também comentou sobre a situação política da Venezuela, mencionando que o presidente Maduro reivindicou um terceiro mandato após uma eleição polêmica. O líder da oposição, Edmundo González, que afirmou ter vencido, fugiu do país. O Papa enfatizou que “ditaduras não servem” e alertou que mais cedo ou mais tarde elas “acabam mal”.
Além disso, o Papa se referiu às eleições americanas, dizendo que os eleitores precisarão escolher o “menor dos dois males”, e fez críticas às políticas anti-imigração de Donald Trump e à posição pró-aborto de Kamala Harris. Por outro lado, o pontífice expressou satisfação com o diálogo da Santa Sé com a China, afirmando que os resultados têm sido positivos.
Em uma transmissão ao vivo pela televisão estatal venezuelana, membros do MST apareceram ao lado de indígenas e militares nas terras que serão cultivadas. Durante o evento, Rosana Fernandes, uma das líderes do movimento brasileiro, ressaltou o compromisso com o princípio da solidariedade e o internacionalismo, destacando que a luta é por uma sociedade socialista e pelo controle da terra. O MST tem atuado na Venezuela há quase 20 anos, realizando projetos agroecológicos, oferecendo formação técnica e produzindo alimentos.
Fonte: CNN Brasil