Na madrugada desta quarta-feira (16), Damasco, capital síria, foi alvo de fortes bombardeios por parte de Israel. Os ataques danificaram significativamente o prédio do Ministério da Defesa e alcançaram áreas nas proximidades do palácio presidencial. As ofensivas ocorrem após o governo israelense declarar que pretende eliminar as forças do regime sírio que, segundo Tel Aviv, estariam atacando a população drusa no sul do país.
O Ministério da Saúde sírio informou que pelo menos 13 pessoas ficaram feridas. Um oficial israelense confirmou que as forças armadas do país atingiram a entrada da sede militar síria e um alvo próximo à residência oficial do presidente. A justificativa dos militares é de que as tropas sírias não estariam coibindo a violência contra os drusos e, portanto, seriam coniventes com os ataques.
Israel Katz, ministro da Defesa de Israel, afirmou que os militares continuarão com operações intensas na província de Sweida até que todas as forças agressoras sejam expulsas. Entre os alvos atingidos estão veículos blindados e caminhonetes com armamentos que se deslocavam em direção à região.
A escalada militar representa um aumento significativo da tensão com o governo interino sírio liderado por Ahmed al-Sharaa. Apesar de tentativas de aproximação diplomática com Israel e os Estados Unidos, a nova administração enfrenta sérias dificuldades para restaurar a ordem no país. O temor de um domínio islâmico tem crescido após massacres cometidos contra a minoria alauíta em março.
Violência e confronto em Sweida
Nos últimos dias, dezenas de mortes foram registradas dentro e nos arredores da cidade de Sweida, que é majoritariamente habitada por drusos. As forças armadas sírias foram enviadas à região no início da semana para conter confrontos entre milícias drusas e grupos beduínos armados. No entanto, acabaram entrando em combate com as próprias facções drusas.
Relatos de moradores indicam que a população permanece abrigada em locais fechados por medo dos confrontos. “Estamos ouvindo os combatentes gritando. Tentamos manter as crianças em silêncio para que não sejamos descobertos”, relatou um morador, que preferiu não se identificar.
Um líder espiritual da comunidade drusa declarou que os ataques contra seu povo são brutais e promovidos pelas forças governamentais. A administração síria, por sua vez, afirma que gangues armadas são as responsáveis pela violência. Organizações como a Rede Síria pelos Direitos Humanos estimam que entre 169 e 300 pessoas tenham morrido nos conflitos desta semana, embora os dados ainda não tenham sido confirmados de forma independente.
Imagens ao vivo captam ataques
Durante a transmissão da emissora Syria TV, o momento exato em que o prédio do Ministério da Defesa foi atingido pôde ser visto ao vivo. A âncora teve que abandonar o estúdio enquanto a fumaça tomava o céu da capital. Já um correspondente da Al Jazeera quase foi atingido por uma explosão em Damasco no instante em que se preparava para entrar no ar.
Testemunhos e apelos
Faez Shkeir, um cidadão druso-israelense, lamentou a situação: “Minha família está em Sweida. Estão sendo mortos, expulsos, suas casas destruídas. E eu não posso fazer nada”. A impotência diante da crise é compartilhada por diversos membros da diáspora drusa.
Governo sírio promete proteger minorias
O presidente interino Ahmed al-Sharaa prometeu nesta quarta-feira garantir a proteção das minorias étnicas e religiosas no país. Um comunicado oficial declarou que os responsáveis pela violência em Sweida serão punidos, e pediu que os moradores da cidade não saiam de casa. Entretanto, um repórter da Reuters relatou ter testemunhado saques e incêndios praticados por forças governamentais, incluindo o assassinato de civis dentro de suas casas.
Quem são os drusos?
Os drusos são uma comunidade religiosa de origem árabe com cerca de um milhão de integrantes espalhados pela Síria, Líbano e Israel. Surgida no século XI no Egito, a religião drusa é uma vertente do islamismo que não permite conversões nem casamentos com membros de outras religiões. Na Síria, a população drusa se concentra principalmente em regiões ao sul do país, próximas às Colinas de Golã, controladas por Israel.
Fonte: CNN Brasil