O PIB da Argentina registrou uma queda de 1,7% em 2024, conforme anunciado pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) na quarta-feira (19). Este é o primeiro desempenho anual da economia argentina sob a presidência de Javier Milei. A retração econômica é atribuída à política fiscal rigorosa adotada pelo presidente, conhecida como o “Plano Motosserra”, cujo principal objetivo é combater a inflação elevada, que alcançou 211,4% nos 12 meses até o final de 2023, quando Milei assumiu o cargo.
Apesar do resultado negativo no ano, o cenário começou a mostrar sinais de recuperação nos últimos trimestres. O PIB do quarto trimestre de 2024 teve uma alta de 1,4% em relação ao trimestre anterior, enquanto o terceiro trimestre já havia mostrado uma recuperação com um crescimento de 4,3%. Esses aumentos interromperam a recessão técnica observada nos primeiros meses do ano, com quedas de 1,4% no primeiro trimestre e 1,7% no segundo.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) havia projetado uma queda de 3,5% no PIB da Argentina para 2024, mas as expectativas para 2025 são de uma recuperação de 5%.
O Impacto do Plano Motosserra e as Mudanças na Economia Argentina
No início de seu governo, Javier Milei havia alertado para o período de dificuldades econômicas devido aos ajustes e cortes promovidos pelo seu Plano Motosserra. As medidas incluíram a eliminação de subsídios para serviços essenciais, como eletricidade, água e transporte público, a revogação de uma lei que limitava aumentos de preços em produtos da cesta básica e a paralisação de obras públicas. Além disso, houve demissões no serviço público, redução nos reajustes de salários e pensões, e o início de privatizações de empresas estatais.
Essas ações causaram um aumento significativo na inflação, que em novembro de 2023 chegou a 25,5%. Em março de 2024, a inflação atingiu 287,9% no acumulado de 12 meses. A eliminação dos subsídios e o controle de preços geraram um forte impacto nas finanças das famílias e comerciantes, o que contribuiu para uma desaceleração do consumo e o aumento da pobreza, que atingiu 52,9% da população até o primeiro semestre de 2024.
No entanto, a inflação começou a ser controlada ao longo do ano, e a partir de abril de 2024, a inflação mensal caiu para números de um dígito. O ano de 2024 terminou com uma inflação anual de 117,8%, e o controle inflacionário trouxe uma sensação de maior estabilidade econômica, o que ajudou a restaurar a confiança dos consumidores.
Expectativas para 2025 e os Desafios de Milei
Apesar das dificuldades enfrentadas em 2024, há um otimismo crescente entre a população devido à redução da inflação. A motorista de Uber Carolina de Maio expressou otimismo, destacando que, embora os primeiros meses tenham sido difíceis, a vida está começando a melhorar gradualmente.
Para 2025, o analista financeiro Luis de Dominicis destaca que os principais desafios de Milei serão atrair mais investimentos, especialmente estrangeiros, e manter sua popularidade. Se a recuperação econômica não for completada até o final do ano, isso pode prejudicar a confiança da população e afetar a capacidade do governo de implementar suas reformas. As eleições parlamentares de 2025 serão cruciais, pois uma possível perda de apoio poderia dificultar a aprovação de propostas essenciais para o governo.
A queda da inflação oferece mais confiança e estabilidade à economia, ajudando a incentivar o consumo. Além disso, os cortes de gastos podem atrair investidores, que já começam a aportar recursos na Argentina.
Fonte: G1
