O guia Ali Musthofa, responsável por acompanhar Juliana Marins durante a trilha no Monte Rinjani, em Lombok, na Indonésia, negou ter abandonado a brasileira antes de sua queda. Segundo ele, orientou Juliana a fazer uma pausa para descansar e seguiu na frente por aproximadamente três minutos. Quando percebeu que ela estava demorando a acompanhá-lo, decidiu retornar. Ao voltar, não encontrou Juliana no local e, pouco depois, percebeu que ela havia despencado cerca de 150 metros abaixo. De acordo com seu relato, a jovem acenava com uma pequena lanterna e pedia ajuda.
“Eu esperei três minutos adiante dela. Depois de uns 15 a 30 minutos sem sinal dela, voltei ao último ponto de descanso, mas ela não estava lá. Só então notei uma luz no barranco e percebi que ela havia caído”, declarou Ali ao jornal O Globo. Ele disse ainda que acionou imediatamente o serviço de resgate, pois o local exigia equipamentos especializados.
O Parque Nacional do Monte Rinjani divulgou que a primeira visualização de Juliana ocorreu por meio de um drone na manhã desta segunda-feira (23), às 6h30 no horário de Brasília. Ela foi localizada imóvel, presa a um penhasco de rocha a cerca de 500 metros de profundidade. As equipes de resgate tentaram estabelecer dois pontos de ancoragem para alcançar a vítima: o primeiro a 350 metros de altura e o segundo mais próximo de onde ela estava. Entretanto, as condições do terreno, com muitas saliências e irregularidades, impediram a fixação das cordas, obrigando os socorristas a tentar uma escalada direta.
O trabalho da equipe de resgate vem sendo dificultado por fatores climáticos, como neblina intensa e ventos fortes, que reduziram significativamente a visibilidade. Por medida de segurança, os profissionais precisaram recuar. Em nota oficial, foi informado que a operação se encontra em estado de “prontidão”, aguardando condições climáticas melhores. Durante uma reunião virtual com o governador local, discutiu-se a possibilidade de utilizar um helicóptero, desde que equipado com o sistema Hois, e com clima propício dentro da chamada “janela dourada” de 72 horas, considerada crucial para salvamentos em áreas de difícil acesso.
Enquanto isso, a família de Juliana, através de sua irmã Mariana, tem feito apelos por mais agilidade nas ações de resgate. Mariana destacou que a jovem permanece há três dias sem acesso a água, alimentos ou agasalhos e reforçou a urgência das operações. “Em um dia inteiro de resgate, eles só conseguiram avançar 250 metros, faltam ainda 350 metros… É urgente que cheguem até ela!”, escreveu.
A trilha do Monte Rinjani, uma das mais desafiadoras da Indonésia, possui 3.726 metros de altitude e costuma exigir de dois a quatro dias para ser concluída. Juliana, de 26 anos, estava no segundo dia da jornada quando escorregou e despencou cerca de 300 metros. Sua localização só foi possível no sábado, por volta das 17h10 (horário de Brasília), quando turistas, com o auxílio de um drone, conseguiram avistá-la. A comunicação com a família, devido à falta de sinal de celular, só aconteceu posteriormente, por meio das redes sociais.
Representantes da embaixada brasileira e da Agência de Busca e Salvamento da Indonésia seguem na região, trabalhando em conjunto com alpinistas experientes, enquanto aguardam condições meteorológicas mais favoráveis para uma nova tentativa de resgate.
Fonte: Jornal Correio