A cidade de São Bernardo do Campo confirmou nesta segunda-feira (29) a terceira morte suspeita relacionada ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol. Duas dessas mortes ocorreram no município e outra foi registrada na capital paulista.
Em São Bernardo, a primeira vítima foi um homem de 58 anos que faleceu em 24 de setembro, após dar entrada no Hospital de Urgência. Já o segundo caso aconteceu no sábado (28), quando um homem de 45 anos morreu em um hospital da rede privada. Ambos os corpos foram encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML) para exames que devem confirmar ou descartar a contaminação.
Na cidade de São Paulo, a vítima foi um morador da Zona Leste, de 54 anos. Ele apresentou sintomas em 9 de setembro e morreu seis dias depois, em 15 de setembro. Até agora, existem 10 casos em investigação de possíveis intoxicações na capital, mas ainda não se sabe de que forma ocorreram.
A Prefeitura de São Bernardo informou, em nota, que o paciente atendido no Hospital de Urgência morreu sob suspeita de envenenamento por metanol. Entretanto, ressaltou que o resultado dos exames ainda é aguardado e que não fornecerá mais detalhes por conta da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Na última sexta-feira (26), o Ministério da Justiça e Segurança Pública divulgou que a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad) recebeu pelo Sistema de Alerta Rápido (SAR) uma notificação que relatava nove casos de intoxicação por metanol em São Paulo em apenas 25 dias, todos ligados a bebidas alcoólicas adulteradas. O órgão destacou que esse número é fora do padrão, tanto pela rapidez quanto pelo fato de se diferenciar dos casos anteriores, geralmente associados a ingestão de combustíveis em contextos de abuso de substâncias.
O que é o metanol?
O metanol (CH₃OH) é um álcool simples, inflamável e incolor, com cheiro parecido ao de bebidas comuns, mas altamente tóxico. No passado, era obtido pela destilação da madeira por isso, chamado de “álcool da madeira”. Atualmente, é produzido em escala industrial principalmente a partir do gás natural.
Embora pequenas quantidades possam ser encontradas naturalmente em frutas, vegetais e até no organismo humano, em concentrações elevadas o metanol provoca intoxicações graves e fatais.
O que diz a Secretaria Estadual da Saúde
O Centro de Vigilância Sanitária (CVS) informou que, desde junho, já foram confirmados seis casos de intoxicação por metanol, com dois óbitos: um em São Paulo e outro em São Bernardo. Dez casos seguem em apuração. O CVS também reforçou que bebidas de origem clandestina ou sem procedência representam grande risco, já que podem conter substâncias tóxicas.
O órgão recomenda que a população só compre produtos com rótulo, selo fiscal e lacre de segurança, e que bares e distribuidoras reforcem o cuidado na checagem da procedência de bebidas vendidas.
O alerta do governo federal
Segundo a Senad, os casos recentes chamam atenção porque aconteceram em contextos sociais de consumo de álcool como bares e festas envolvendo diferentes tipos de bebida, incluindo gin, whisky e vodka. Até então, o perfil mais comum era ligado à ingestão deliberada de combustíveis, sobretudo por pessoas em situação de vulnerabilidade.
O governo destacou que a ingestão de metanol adulterado pode gerar surtos epidêmicos com alta taxa de letalidade, o que exige resposta imediata das autoridades sanitárias e alerta à população, especialmente em finais de semana, quando cresce o consumo de bebidas alcoólicas.
Sintomas e orientações
A intoxicação por metanol pode causar tontura, sonolência, falta de coordenação, dor abdominal, náusea, vômito, dor de cabeça, aceleração dos batimentos cardíacos, convulsões e visão turva.
A recomendação é buscar atendimento médico imediato em casos suspeitos. Para localizar o serviço mais próximo, a população pode consultar a plataforma da Secretaria Estadual da Saúde.
Fonte: G1
