O desafio militar de destruir o programa nuclear iraniano e o papel decisivo dos EUA

A crescente tensão entre Irã e Israel tem como um de seus principais focos o futuro do programa nuclear iraniano. Enquanto Teerã insiste que seu projeto tem fins exclusivamente energéticos, Israel acusa o país de desenvolver uma bomba atômica. Analistas apontam que Israel também possui tecnologia nuclear, apesar de nunca ter confirmado oficialmente.

Por décadas, os Estados Unidos tentaram convencer o Irã a abandonar seu programa nuclear através de negociações diplomáticas. No entanto, após recentes ataques israelenses a instalações nucleares iranianas, ganha força o debate sobre uma possível ação militar direta de Washington para destruir as estruturas atômicas de Teerã.

Infraestrutura subterrânea e o obstáculo logístico

O principal desafio para qualquer operação militar é a localização estratégica das instalações nucleares iranianas. Muitas delas foram construídas no subsolo, com destaque para a instalação de Fordow, localizada sob uma montanha, justamente para impedir ataques aéreos.

Esse tipo de proteção não é novidade. Desde os anos 1980, o Irã passou a adotar estratégias de defesa após ver o que aconteceu com o Iraque. Em 1981, caças israelenses destruíram uma instalação nuclear iraquiana que ficava na superfície, perto de Bagdá. Desde então, os iranianos reforçaram suas estruturas. Segundo o professor Vali Nasr, especialista em Irã da Universidade Johns Hopkins, os responsáveis pelo programa nuclear iraniano entenderam claramente a ameaça e decidiram enterrar suas instalações.

Planos israelenses para Fordow

Ao longo dos anos, Israel elaborou diferentes estratégias para atingir Fordow, utilizando apenas seus próprios recursos militares. Um desses planos foi apresentado ao governo Obama, nos Estados Unidos. A ideia era transportar soldados por helicópteros, desembarcá-los perto da instalação e, após intensos combates, destruir a estrutura por dentro. Algo semelhante já havia sido feito anteriormente na Síria, quando Israel demoliu uma fábrica de mísseis do Hezbollah.

Contudo, autoridades militares reconhecem que atacar Fordow seria uma operação muito mais complexa, exigindo um nível de preparo sem precedentes.

A limitação das armas israelenses

Outra proposta discutida no passado seria lançar bombas de penetração para atingir o bunker subterrâneo. Porém, Israel não possui armamento com capacidade de atravessar a profundidade em que Fordow está enterrada.

Até hoje, Israel utiliza as chamadas bombas antibunker, como a GBU-28, que penetram até 6 metros no solo antes de explodirem. Especialistas afirmam que essa profundidade é insuficiente para alcançar as instalações nucleares de Fordow.

A verdadeira profundidade do complexo nuclear iraniano permanece incerta para os militares ocidentais. Estimativas sugerem que a montanha onde o bunker se localiza tem até 80 metros de rocha e terra. O jornal Financial Times publicou uma declaração de Rafael Grossi, chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, indicando que algumas partes mais sensíveis da instalação estariam a até 800 metros de profundidade.

Grossi, que já esteve em Fordow diversas vezes, descreveu ao Financial Times o longo percurso em espiral através de túneis que levam até os laboratórios subterrâneos.

A carta na manga dos EUA: a MOP

Diante dessa realidade, apenas os Estados Unidos possuem uma arma com capacidade de tentar atingir Fordow: a Massive Ordnance Penetrator (MOP), também conhecida como GBU-57. Esta bomba antibunker de 13,6 toneladas só pode ser lançada a partir dos bombardeiros estratégicos B2, aeronaves exclusivas da Força Aérea americana.

A MOP é projetada para perfurar até 60 metros de solo antes de detonar, o que representa uma capacidade de penetração dez vezes superior à das armas utilizadas por Israel. Sem propulsor próprio, ela depende da força da gravidade e é guiada com extrema precisão por aletas direcionais. Devido ao peso, precisa ser lançada de altitudes elevadas.

De acordo com o historiador militar Robert Pape, entrevistado pelo Financial Times, um ataque efetivo a Fordow exigiria pelo menos duas MOPs atingindo exatamente o mesmo ponto, uma após a outra, algo nunca realizado em um conflito real.

A possível entrada dos EUA no confronto

Reportagem do New York Times aponta que o ex-presidente Donald Trump teria considerado, durante seu mandato, o envio de bombardeiros B2 com MOPs para apoiar Israel em um ataque ao programa nuclear iraniano.

Segundo o jornal, nos últimos dois anos, os militares americanos, sob orientação direta da Casa Branca, desenvolveram um plano de ataque a Fordow que envolveria múltiplas bombas MOP lançadas sequencialmente sobre o mesmo ponto de impacto inicial.

O que antes era apenas um exercício de simulação militar pode agora se transformar em uma operação real, especialmente após a recente escalada entre Israel e Irã.

Fontw :G1

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