Durante as festividades juninas no município de Cruz das Almas, no recôncavo baiano, um jovem de 21 anos sofreu a amputação do polegar direito após um artefato explodir em sua mão no último domingo (22). A Secretaria Municipal de Saúde confirmou o caso na segunda-feira (23).
O acidente foi registrado em vídeo e circulou nas redes sociais. Nas imagens, Taylon Sousa, como foi identificado, aparece segurando uma “espada” nas mãos antes da explosão, que o faz sair correndo em estado de pânico (veja no vídeo acima).
Após o incidente, moradores da região prestaram os primeiros socorros e o encaminharam a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Em função da gravidade do ferimento, Taylon precisou ser transferido para o Hospital Geral do Estado (HGE), em Salvador.
Depois de receber atendimento médico, o jovem gravou um vídeo para tranquilizar amigos e familiares, onde apareceu com a mão enfaixada. “Pessoal, como todos já sabem, aconteceu isso comigo, mas graças a Deus estou bem”, declarou.
Tradição polêmica
A chamada “Guerra de Espadas”, uma prática típica das festas juninas na Bahia, costuma transformar ruas em verdadeiros campos de disputa entre “espadeiros” nas noites de junho e começo de julho. Os participantes manuseiam fogos de artifício de grande potência, feitos artesanalmente com bambu, pólvora e limalha de ferro, simulando um duelo.
Mesmo com a tradição enraizada, a atividade é motivo de intenso debate. Desde 2017, a fabricação, posse e uso das espadas são considerados crimes, com punições que podem chegar a seis anos de reclusão. Apesar disso, muitos moradores e defensores da prática continuam criticando a proibição.
O Corpo de Bombeiros reforça os alertas sobre os riscos envolvidos, principalmente devido à produção caseira das espadas, realizada em locais improvisados como barracões e galpões, sem qualquer controle técnico ou de segurança.
Histórico da proibição
A restrição à guerra de espadas tem origem na aplicação do Estatuto do Desarmamento, em vigor desde 2003. A partir desse marco legal, a prática passou a ser enquadrada no Artigo 16, que trata da posse e porte ilegal de armas de uso restrito.
Em 2015, o Ministério Público da Bahia passou a emitir recomendações limitando o uso das espadas. Dois anos depois, em 2017, o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) determinou oficialmente a proibição da guerra de espadas.
Posteriormente, em 2018, o Ministério Público Estadual orientou o município de Senhor do Bonfim a não permitir nem colaborar com a realização da prática, que utiliza artefatos similares a pequenos foguetes lançados como se fossem espadas.
Fonte: G1