Na Bahia, um esquema criminoso conhecido como “golpe do falso advogado” tem enganado diversas pessoas. Os golpistas acessam sistemas judiciais e coletam dados de processos reais, incluindo imagens de profissionais da área jurídica, para aplicar fraudes. Eles se aproveitam dessas informações para convencer vítimas a fazer transferências sob a falsa promessa de liberação de valores judiciais ou regularização de pendências.
A ação criminosa se inicia com a coleta de dados por meio de plataformas públicas e bancos de dados jurídicos, onde os estelionatários conseguem detalhes como nome da vítima, CPF, número do processo, valor envolvido, tipo da ação e até os nomes dos advogados oficialmente registrados no caso.
De posse dessas informações, os golpistas entram em contato com as vítimas, geralmente por aplicativos de mensagens, fingindo ser advogados, assistentes jurídicos ou representantes de escritórios de advocacia. Em alguns casos, clonam inclusive o perfil do profissional verdadeiro, utilizando foto e logotipo da firma.
A advogada Carla Vitória relatou que já foi alvo desse tipo de golpe. Segundo ela, os criminosos falsificam documentos oficiais e exigem valores como condição para que a vítima receba o que supostamente tem a receber do processo. “Eles dizem que a pessoa tem um valor a receber e se passam pelo escritório. Quem está esperando ansiosamente pelo desfecho do processo acaba pagando sem conferir os detalhes”, explicou.
Ela alerta que os golpistas, ao não terem acesso completo aos dados dos advogados, costumam fazer perguntas pessoais para ganhar a confiança da vítima. “É fundamental observar o número de telefone usado no contato. Sempre confirme se é o mesmo número do escritório. Se houver qualquer dúvida, solicite uma videochamada com o advogado responsável ou vá até o local pessoalmente”, orientou.
Em entrevista à TV Bahia, a advogada Bruna Araújo revelou que pelo menos 20 de seus clientes já foram abordados por esses criminosos. Um dos casos envolvia um processo sob segredo de Justiça, relacionado a uma pessoa com autismo. “Fiquei chocada ao ver que eles conseguiram acesso a esses dados”, relatou Bruna.
O presidente da Comissão de Direitos e Prerrogativas da OAB-BA declarou que esse tipo de golpe tem ocorrido em todo o país, com uso de tecnologias sofisticadas e inteligência artificial para explorar processos judiciais e extrair dados sensíveis das partes envolvidas.
Para combater o problema, a OAB da Bahia tem promovido ações de conscientização, elaborado materiais informativos e articulado parcerias com órgãos públicos. Uma cartilha explicativa foi lançada, com orientações sobre como o golpe é aplicado e como se prevenir. O conteúdo está disponível no site da instituição.
A entidade também criou um canal de denúncias, por meio do e-mail denuncias@oab-ba.org.br, voltado tanto para advogados quanto para cidadãos. As denúncias recebidas são encaminhadas regularmente à Polícia Civil. Além disso, a OAB-BA recomenda o registro imediato de boletim de ocorrência, seja presencialmente ou pela delegacia virtual.
Fonte: G1
